- Bom dia, sente-se, por favor.
- Sinto-me. ARRRRRAUGLER (limpando a traquéia), eu gostaria de alugar um imóvel.
- Localidade, senhor?
- Bom, você procure aí um sobrado qualquer ali pela rua do Ouvidor, perto da Bolsa de Valores, que também é perto da estação das barcas, enfim, um sobradinho bacana que não esteja caindo muito aos pedaços.
- Um minuto enquanto a consulta é feita. Café?
- Tem creme?
- Não, senhor...
- Então não quero não.
- Como quiser, senhor.
- "Como não quiser, senhor", é o que você deveria dizer, na verdade.
- Senhor, localizei uma ocorrência que parece atender às suas expectativas. Ali mesmo na Rua do Ouvidor, em cima de uma loja de ferragens.
- Ótimo, minha filha. Pode imprimir o contrato?
- Há uma pequena obstrução senhor, quanto à disponibilidade.
- Claro, pequena, imagino. O que há?
- O imóvel estará disponível daqui a três vidas, no máximo.
- Menos mal. Pode me passar a senha cármica pra eu não esquecer? Sabe como é, são três vidas...
- A senha, senhor, é BISCOITO DE POLVILHO DOCE GLOBO.
- Tinha maior não? Tá certo, vou gravá-la hoje à tarde. Boas vidas, mocinha.
- Boas vidas, senhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário