quarta-feira, 17 de junho de 2009

Tudo por um sobrado na Rua do Ouvidor

- Bom dia, sente-se, por favor.

- Sinto-me. ARRRRRAUGLER (limpando a traquéia), eu gostaria de alugar um imóvel.

- Localidade, senhor?

- Bom, você procure aí um sobrado qualquer ali pela rua do Ouvidor, perto da Bolsa de Valores, que também é perto da estação das barcas, enfim, um sobradinho bacana que não esteja caindo muito aos pedaços.

- Um minuto enquanto a consulta é feita. Café?

- Tem creme?

- Não, senhor...

- Então não quero não.

- Como quiser, senhor.

- "Como não quiser, senhor", é o que você deveria dizer, na verdade.

- Senhor, localizei uma ocorrência que parece atender às suas expectativas. Ali mesmo na Rua do Ouvidor, em cima de uma loja de ferragens.

- Ótimo, minha filha. Pode imprimir o contrato?

- Há uma pequena obstrução senhor, quanto à disponibilidade.

- Claro, pequena, imagino. O que há?

- O imóvel estará disponível daqui a três vidas, no máximo.

- Menos mal. Pode me passar a senha cármica pra eu não esquecer? Sabe como é, são três vidas...

- A senha, senhor, é BISCOITO DE POLVILHO DOCE GLOBO.

- Tinha maior não? Tá certo, vou gravá-la hoje à tarde. Boas vidas, mocinha.

- Boas vidas, senhor.

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