quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Alphonse e o Príncipe

O Alto-Príncipe da Mata-Alhures tinha sérias questões com aquele rapaz do reino ao lado, Perobas. Claro, ele tinha sua própria autonomia, não lhe devia coisa alguma sequer, somente respeito enquanto membro-colega do Grão-Clube de Artes com Cartas de Baralho. Somente isso. Mas fora justamente ele, aquele que atravessara seus planos ano atrás, o merecedor da alcunha de grande gatuno. Por trás de seus olhos injetados, não conseguia se conformar, não podia, não devia. Cultivava-se, naqueles tempos, o hábito real de casar-se com duas mulheres simultaneamente, bastando apenas que dois termos deste trinômio estivessem satisfeitos com o acordo. A parte vencida era solenemente absorvida, assim era por muitos anos e não haveria de não ser agora.
Alphonse, devoto que era de Saint James Stewart, apertou a medalha contra o peito e investiu contra o patrimônio do príncipe. Era uma bravata estúpida. O herdeiro de Mata-Alhures estabelecia então uma poderosa ligação com o reino além, Buonocuore. Mas a donzela dava respaldo à investida daquele desajeitado Alphonse e logo se esquivava da aliança com os Mata-Alhures. A ira do príncipe não era daquelas que se desfere às claras. Era uma ira fria e dissolvida em pequenos embates camuflados. Mas, se lhe sobravam cavalos, faltava-lhe espírito; se lhe era bem talhada a língua para bajular, era fraca quando tentava engrandecer feitos ocos que dizia ter realizado em suas poucas andanças por este mundo que dá tudo a quem sabe buscar.
Não se sabe como essa história acabou, mas parece que o Príncipe teve uma vida abastada em sua vida monogâmica, com muitos bens e poucas preocupações. Mas deparou-se com um grande problema quando do nascimento do novo príncipe, seu filho, quando há muito já dera a si mesmo já como um rei: não supria a curiosidade de seu rebento por histórias que (não) vivera, e contava, com a mais amarga das paciências, os feitos daquele que tanto desprezava, o subestimado Alphonse, que ia longe, muito longe dali há tempos, buscando novas histórias, que sempre adoçavam os sonhos do filho do então poderoso Rei de Mata-Alhures.

Fim.

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