quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Canção à Venda ou Cantiga de Escárnio ao Cara Que Vendeu o "For Sale" por Miséria

Ali na Senhor dos Passos/Há o filhote de um Fagner com um Mayer, José/Ele compra discos usados/E/Mesmo pagando mal pacas/Me levou fácil o "For Sale"/Que eu nem estimava tanto assim/E serviu ao próprio nome com propriedade/Me custou caro, puto!//

Pombos azuis, doentes, insanos, do milho da Tiradentes/Arrulhavam em meu caminho de volta/No hotel Paris, elas cantavam, sarcasmo!, "words of love"/e doía.//

Hamleto desarmado no João Caetano, mostrando o dedo médio/O Camões abriu aquele olho maroto e disparou do Real Gabinete: "misteeeeeeeeeeeeeeeeeeeer moooooooooooooooooooooooonlight...you came to me, one summer night..."/Largo de São Francisco, moradores de rua dançam "I don't want to spoil the party"/Desembestei Ouvidor abaixo até a Bolsa//

Quase na estação das barcas, o João Sexto/Montado no cavalo com colhões de batata baroa magalômana/Sussurrou, bochechudo, "Baby's in Black"/Por entre os dentes/Alívio só no balanço da baía/Antes de ver o Assembléia Dez requebrando assustador/Dentes arreganhados de vidro e aço/"...Hold me! Hold me! I ain't got nothin' but love, babe! 8 days a week!"//

Atracado já estava/Ansiando o terminal Jango/Mas o Araribóia, voz de barítono, esfregando as mãos/Cantarolava, marcando no pé chato: "I've just seen a face, I can't forget the time or place where we just met, she's just a gir..."//

Atravessei, furioso: "SEU MERDA, ESSA É DO 'HELP'"!/Emudeceu, cruzou os braços, atarracado, fazendo beicinho/Imóvel ali, olhando a baía do Rio//

Mãos nos bolsos/Cabisbaixo/Agora vou por mim/ "I'm a loser"//

Enquanto todo mundo finalmente//

Fica em silêncio///

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