quarta-feira, 24 de março de 2010

Capítulo 2 - Plano Nove do Cagaço Sideral

O faminto se agarrava nos braços de sua poltrona, como se algo tentasse removê-lo dali. O psicopata se curvou num gesto para que o famélico se aproximasse mais. O sujeito magro ofereceu uma de suas magras orelhas à escuta e se manteve impassível enquanto o outro dizia, despertando uma violenta e vermelha e insuportável curiosidade no trio, que se enterrava mais no sofá. O da cara ossuda assentiu e voltou ao encosto da poltrona como se tivesse concluído uma cagada das mais difíceis, dedos trançados sobre o ventre tranquilo e, provavelmente, vazio. Segundos desta última linha, o trio começou a confabular entre si , para retrucar o segredo que existia agora entre seus concorrentes. Nova iniciativa de conversa do psicopata:

Vocês tão doido pra saber, né?

Como se fossem, em carne humana, os próprios Heitor, Prático e o outro porquinho, o da residência de madeira – cujo nome não me recordo agora –, concordaram balançando a cabeça exageradamente, pois estavam prestes a ganhar algo tão saboroso quanto cebolas douradinhas e queijo fundido quentinho com trezentos gramas de carne mal-passada, minha nossa, isso é uma maravilha.


- Olha só, o esquema é esse aqui, não é um plano, como esse mal-informado colocou no título, besteira que ele fez, tudo bem, é um ESQUEMA, porque eu digo que é, e quem pensou nisso fui eu, e não ele, e você prestem atenção, eu estou só AVISANDO sobre o esquema, é algo inevitável, ninguém aqui precisa concordar com nada, vamos chamar de Plano Nove esse comunicado.

O trio cagou nas calças com a fala do psicopata, ao passo que o ossudo permaneceu tão ossudo e tão tranquilo quanto antes, até porque já sabia do que se tratava. A luz vermelha, acompanhada de uma campainha rouca de tanto fumar, se fizeram presentes e os cinco levataram-se todos, agora coniventes com tudo que esquematizara, como só poderia assim ser, o psicopata.

Nenhum comentário: