sábado, 19 de dezembro de 2009

Texto para trilha em Mi Maior

Cantar "Fluorescent Adolescent" e tocar a guitarra-base com o capotraste na quarta casa.

Desenhar o Keith Richards tentando captar o máximo de sua expressão através de um olhar criativo e simples, deixando debaixo de você um mar de insegurança, dúvida e desconfiança da mesma mão que te trará a redenção e o alívio.

Escutar "Adlai Stevenson" no ônibus, com o sol te fazendo franzir os olhos, emoldurando a cidade toda daquela janela.

Ser um zagueiro mediano do time dos moleques da sua rua e fazer um gol, mesmo que impedido, numa subida ao ataque.

Saber que é ela, mesmo não sabendo admiti-lo.

Reunir todos os seus maiores amigos, inclusive os dois ou três que não se falam - por motivos estúpidos - na escalação do mesmo time, justamente aquele preto-e-branco da estrela no peito que é um grande amor, antigo.

Ver quem se ama dormindo ainda.

Cantar Cartola cercado por azulejos.

Amanhecer em Bonsucesso, em Brás de Pina, na Penha, na Praça Seca, em Vila Valqueire, em São Cristóvão, no Paraná e num buraco bem esquisito na Lapa.

Assistir "Pergunte ao Pó" seis vezes não-consecutivas. E chorar em todos os finais.

Limpar os ouvidos com uma especialista e ver o que acontece.

Ser respeitado pelo craque do jogo, dono da bola, juiz, etc, por conta das suas belas jogadas.

Ser aprovado.

Bancar as próprias maluquices quando não se tem crédito para loucura alguma sequer.

Ganhar uma belíssima comemoração do vigésimo-sexto verão.

Tem certos dias que eu chamo isso tudo aí de felicidade.

3 comentários:

Klotz disse...

também é bom entrar no restaurante com a namorada e o dono dizer que você é o milhonésimo cliente, ganhar um jantar especialíssimo, um bolo e não precisar pagar.

Saradjane disse...

salvou meu dia ;*

Saradjane disse...

To seguindo aqui! e seus textos são muito bons. Sobre June Carter, ela faz parte de mim. :*